Por Esperidião Amin
[Prefácio do livro inédito do deputado Coruja, sobre dominó]
Pedras de mah-jong (espécie de dominó) eram misturadas para fazer barulho com a finalidade de impedir que ouvidos indiscretos ouvissem as palavras dos fundadores do Partido Comunista Chinês, na noite de 30 de julho de 1921, a bordo de um barco de passeio, num lago junto à cidade de Jiaxing, perto de Xangai. Este relato consta da monumental e controvertida obra “Mao, a história desconhecida”, de Jung Chang e Jon Halliday (páginas 47 e 48).
Esta e outras tantas estórias, aventuras, lendas e “mentiras de jogador” enriquecem o folclore que adorna o dominó e seus mitos.
Fico muito honrado pelo convite que o Deputado Fernando Coruja Agustini me faz para comentar este seu livro, em que é abordado tema com que me afeiçôo de maneira muito especial.
O autor – versátil e plural na busca de conhecimento, característica de sua indiscutível inteligência e seu lendário gosto pela leitura – conseguiu reunir história, regras e recomendações ou “dicas” de fácil compreensão.
Quanto aos aspectos históricos, respeitada a inevitável controvérsia, o resumo é ilustrativo e instigante. Acredito que os hispânicos sejam, efetivamente, os países pioneiros na sua prática, na América. Não posso deixar de testemunhar que D. Manuel Fraga Iribarne, o penta-Governante da Galícia, é seu devotado praticante.
Hoje, porém, não tenho dúvidas de que os “manezinhos” são os mais numerosos praticantes, tendo desenvolvido técnicas de jogo e produzido os mais apaixonados “perús”. Na Ponta das Canas, no “Bar do Pedro”, os temos tão participantes que já vimos “perú” dar tapa no braço e repreender o jogador que estava na iminência de fazer uma jogada errada.
No campeonato mais charmoso que conheço, o Torneio do Estimado (Professor Jorge Seara Polidoro), no qual as vagas são, via de regra, herdadas pelo desaparecimento do titular, o “Troféu do Perú”, primorosa obra de arte, tem sido conferido, ao longo dos últimos vinte e um anos, a ilustres personalidades que não conseguem se conter.
Em vez de apenas observar, passam a “sofrer” eloqüentemente...
Quanto às regras, ainda que elas não sejam rígidas, o livro relaciona com exatidão as usuais e suas variações.
No tocante às curiosidades, certamente, as próximas edições haverão de apresentar dezenas de contribuições. De minha parte, ofereço o lembrete de que os “dobles” (dobres, segundo o autor) têm apelidos vários: barata (branco), farol de jipe (um), doble duque (dois), doble terno (três), doble quina ou dentadura (cinco) e carreta (seis), além do líder absoluto em matéria de popularidade, difamação e injúrias: o doble quatro...
No campo das Recomendações (ou “dicas”), o autor revela a prudência de um bom médico associada à arte de um político que reúne a sabedoria da raposa e a coragem do leão...
As simulações e configurações de partidas constituem ilustração muito útil. Assemelham-se aos esforços didáticos de um bom enxadrista. Relembram “O jogador de Xadrez”, de Stefan Zweig.
É, em resumo, uma bela e bem elaborada contribuição para os aprendizes de dominó, ou seja, para todos nós, incluindo os que pensam que sabem jogar...
Enaltece um jogo que associa talento a sorte, disciplina técnica a entrosamento, como registra o livro, sem desprezar a boa convivência social, a impagável gozação de uma “lisa” (especialmente se for registrada num quadro negro ou branco) e os comentários – verdadeiros ou não – que enseja.
Tio Cesar se mudou-se!
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Como toda mudança, as coisas acabaram sendo feitas meio de última hora e
pela metade. A kombi que ia levar os móveis quebrou, a camionete com as
louças ext...
Há 15 anos